sábado, 9 de outubro de 2010

quando a gente escreve e não sabe o porquê. Ondas

Mais um dia presa pelas mesmas paredes, na companhia de um de seus CDs preferidos - nada melhor que comprar seus próprios presentes – ela sempre gostou daquele vestido velho que costumava usar em casa. Talvez o estivesse usando quando ele a visitasse. Não sei bem o que era de início, sei que o encostei na minha testa, a música fez com que meus olhos ficassem entreabertos, não via nada muito bem, mas sei que se fosse ele, estaria lendo meus olhos quase bêbados como ele fazia de costume. Por que alguns costumes precisam mudar? Não quero pensar nisso agora. Quero mandar no meu sonho. Suas mãos estavam nas minhas costas. Eu sei que estariam. Naquele balançar de testas delicado como as ondas de um rio, a música nos embalava. Nossos olhos entreabertos estavam perto demais, me deixavam tonta... narizes, bocas. Suas mãos estavam na minha cintura. Eu estava tão lenta, de alguma forma fui levada e deitei-me sofá. Senti seu peso, todo girou, como se o mundo parasse e então eu encostava minha testa no sofá. Aquele balanço me embebedava. Sua mão estava na minha nuca. Olhei para cima, mas não sei o que vi. Senti-me como uma gata que preguiçosa que deixa a cabeça cair até os ombros naquele ritmo sonolento de quem sabe que o mundo é perfeito naquele momento. Mas era só uma almofada. Vai ver sempre foi. Dormi. Ou acordei.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Senta aí, vamos conversar (=