segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Banalização (ou valor real das coisas)

Se tem uma coisa que me preocupa é a banalização. De tudo. Da vida. Da amizade. Das pessoas. Do sexo. Dos sentimentos.

No post "dois perdidos numa noite suja" disse que provavelmente voltaria a falar sobre brigas que se iniciavam por um motivo banal (quem nunca ficou minimamente chateado por uma besteira?). Bem, não são só as brigas que começam por motivos banais. Morando numa cidade que ainda carrega resquícios da cultura de pistolagem, me espanto com as justificativas que se ouve pela morte de alguém "se fulano foi assassinado, alguma ele aprontou". Não que eu seja a favor de qualquer coisa que a pessoa possa ter feito, mas estamos tratando de vidas! E, de qualquer forma, eu penso que um erro não justifica o outro. Sou contra a pena de morte. Penso que deve-se pensar mais na "recuperação" dos presos, de uma forma que eles possam se integrar à sociedade de uma forma saudável (o que provavelmente não conseguiram antes).

Temos que parar de pensar "ah, todo mundo faz isso", se algo é errado, não vai passar a ser certo por todos estarem errando juntos. Isso serve para muita coisa, desde pirataria até um pequeno furto ("ah, ninguém viu mesmo, né?") ou um grande desvio de dinheiro público.
Como queremos falar tão mal do governo se faríamos o mesmo se nos dessem poder,co que provamos ao acharmos normais as pequenas coisas erradas.

Me impressiono com a facilidade de "amar" e "desamar" que as pessoas têm. Eu acredito que podemos sentir um carinho por uma pessoa rapidamente, mas não acredito que alguém se apaixone perdidamente todo mês, muito menos passe a amar uma pessoa que nem conhece direito depois de um beijo numa festa. É triste o valor que as pessoas dão para o seu corpo (nisso incluo os homens, ô coisa que me irrita é falarem "isso não é bonito para uma garota" ah, por favor, não é bonito para ninguém!).

Não digo que a banalização é um fenômeno recente, pelo contrário, basta voltarmos um pouco na história (guerras, perseguições, Coliseu ...) para veremos o quanto já melhoramos. Mas ainda temos muito o que melhorar.

Temos que prestar bem mais atenção no real valor das coisas - seja um pequeno momento com uma pessoa querida ou seja uma vida inteira; seja alguma coisa que te chateou ou seja um beijo que foi bom.

Claro que temos que ter o cuidado para não levarmos tudo tão a sério, mas tem coisas que são REALMENTE importantes. ( E coisas que damos um valor bem maior do que deveríamos).

4 comentários:

  1. Com certeza compartilho da mesma opinião. Costumo sempre levar comigo um citado "se queres conhecer o verdadeiro caráter da pessoa, dê a ela o poder"

    Como citei em uma das minhas análises: "Permitimos (sem perceber) que a alienação da sociedade interfira em nossas vidas de um jeito tão absurdo que nem precisamos pensar/agir, pois, tudo sai automático"
    - nos tornamos os seres dos mesmos.

    Se tiver algum filme europeu que seja interessada em assistir ou se quiser que indico sites para downloads dos mesmos é só falar para mim!

    Bjs!!!

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  2. “Nós abriremos o livro. Suas páginas estão em branco. Nós vamos pôr palavras nele. O livro chama-se Oportunidade e seu primeiro capítulo é o Dia de ano novo.”

    (Edith Lovejoy Pierce)

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  3. Banalização, reificação, impossibilidade de estabelecer vínculos com outras pessoas, tudo isso é fruto da época em que vivemos, que, por sua vez, é fruto da própria dinâmica da história como um todo. Em busca de exterminar seus mitos, substituindo as trevas da imaginação religiosa pelas luzes do saber, o ser humano mutila a si mesmo, vendo-se também como mito. Contribuição significativa do capitalismo em suas várias configurações, o ser humano é reificado e tratado como mercadoria, tanto sob o ponto de vista de seu obsoletismo precoce, quanto do fetiche. Isto me faz lembrar de um programa exibido pela MTV brasileira, quando o personagem, apaixonado pela garota há anos, declara-se e ela responde negativamente. Imediatamente a reação do jovem é dizer: "Você dá para um cara que acabou de conhecer na balada e que provavelmente nunca mais verá, e não dá pra mim, que gosto de ti há uma década" (sic.) Os seres humanos, tais como os objetos que compramos nos mais variados lugares, têm perdido seu valor em um período curtíssimo, sendo substituídos por outros "melhores" e "mais atuais" e que "seguem as tendências". Acredito que escreverei no meu blog sobre isso, com um pouco mais de paciência.
    =DD

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  4. Deine Meinung kann ich irgendwie nicht teilen.
    Kannst du den ersten Teil ausführlich erklären?
    Also see my site :: Provari

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Senta aí, vamos conversar (=